Hoje ao ler um comentário deixado por uma amiga apercebi-me do quanto poderemos ser egoístas … egocêntricos e “cegos” para as questões que realmente importam nas nossas vidas …
Quantas e quantas vezes … me deixei levar pelo “eu” …
O meu sofrimento … a minha dor … a minha tristeza … “eu” … “eu” … “eu” …
Quantas e quantas vezes nos deixamos perder no círculo de pensamentos mesquinhos daquilo que só a nós diz respeito …
Eu, certamente, muitas … mais do que desejaria … mais do que seria necessário…
Sei o quanto é difícil olhar em volta e reconhecer as coisas boas que a vida nos pode oferecer, quando, de facto, o nosso mundo pessoal desmoronou …
Mas não será essa uma forma de egoísmo??
Se pararmos para reflectir, veremos que é quando deixamos de olhar só para nós que damos conta das coisas que perdemos enquanto nos fechamos nessas trevas de sofrimento e mágoa … e como que por um passo de magia a dor atenua e recomeçamos a viver …
Tudo porque deixámos de centrar os nossos pensamentos e atitudes … no que sentimos e nos que nos dói…
Penso … poderei estar enganada, claro…, que é no esforço que realizamos a levantar o olhar do nosso umbigo para enxergar o que se passa fora de “nós” … que começa a nossa “cura” … A cura do sofrimento e da dor que nos dilacera e nos faz perder a condição de pessoa…
Não é fácil … tão pouco se processa com a brevidade que desejamos … mas parece-me que vale a pena…
Vale a pena limpar as lágrimas que tolhem o nosso olhar para podermos contemplar a riqueza e o amor de um sorriso de criança …
Vale a pena, limpar os nossos pensamentos de tormento e deixar que a nossa mente se inebrie com o barulho animado de um grupo de amigos que se encontra no final do dia de trabalho … ou, do despique de cantoria que os pardais nessa manhã de sol decidiram fazer junto à minha janela … ou ainda, dos risos francos das crianças que durante a sua brincadeira fazem ecoar dentro de minha casa …
E muito mais … muito mais …
Coisas simples, do dia-a-dia … que deixei de ver, de ouvir e, mais importante que isso, de sentir …
Deixei-me mumificar de sofrimento e dor … deixei-me amortalhar de amargura …
Fiz da angústia o meu leito … o meu sol … o meu dia … e perdi …
Perdi muito mais do que o teu corpo junto ao meu … a tua respiração compassada no meu ouvido durante a noite … o teu calor … Tu
Perdi-me … Perdi-me também a mim …
Mas … vou voltar … vou, de novo, RENANCER….
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