Sexta-feira, 22 de Agosto de 2008
Quero ser aquela … que no mundo nada a preocupa!
Ah que soberana felicidade nada temer
e nada o desassossegar!
Receio tudo, receio o frio que gelou meu coração,
A escuridão que toldou a minha existência,
O silêncio que ensombrou os meus dias.
O medo! … A malquerença!
A solidão! …
O recolhimento a que me submeti!
Se me culpo e me desprezo … de nada me serve!
Se me revolto e incrimino, dou mais um passo neste meu abismo!
Então, deixo-me ficar nesta contemplação,
Na insignificância desta existência.
Permaneço …
Detenho-me … infinitamente só!
Só, no meio da multidão!
Só, perdida entre gentes conhecidas e desconhecidas!
Cega!
Cega pelo passado a que me entreguei.
Cercada de poeira de ânsia e desespero,
Impenetrável ao sol que todos os dias nasce e se põe!
Insensível ao devir!
Quinta-feira, 21 de Agosto de 2008
O meu olhar perde-se na mansidão deste mar…
Tal como ele sinto-me indulgente …
Vou admirando quem passa,
Gente alegre, descontraída, deixando o sol abraçar a sua pele.
Sinto os seus raios penetrarem na minha,
A envolverem-me como um abraço amigo …
Ao longe o céu deixa-se tombar nesta calmaria.
Indiferente, sussurra promessas de regozijo.
E o mar, como eu, deixa-se embalar …
E eu deixo-me encantar neste doce lamento de maresia.
Segunda-feira, 18 de Agosto de 2008

Deambulo, sozinha …
A manhã nasceu cinzenta e carregada de nada,
Sinto o meu cabelo empurrado para trás pelo vento.
A areia está húmida e lisa, sinto-a nos meus pés descalços.
Ao meu lado o mar embate, com alguma força,
Deixa adivinhar a sua solidão … ruge de descontente.
A minha cabeça roda em turbilhão de pensamentos,
Perigosos … doentios … sombrios …
Sinto o meu coração escurecido … como este dia que amanheceu nebuloso!
Olho à minha volta, e ninguém …,
Mesmos aquelas duas pessoas que se encontram enroscadas junto ao paredão,
São ninguém!
Esta ausência de tudo e de todos … deixa-me mais só.
Já não sei quanto andei … mas foi muito ….
Olho para trás e não alcanço a onde iniciei esta minha caminhada.
Uma jornada de isolamento, de introspecção.
Já não sinto … já não penso … já não tenho quereres …
Deixo-me embalar pelo som do mar… que me acompanha,
Deixo-me envolver pelo vento que me abraça no seu manto gelado.
Deixo atrás de mim um rasto de pegadas … solitárias … mas firmes!
Sinto-me: Firme