
Sei que os meus lábios se mexem.
Sinto-os!
As palavras correm veloz na minha mente e
desejam ser ouvidas.
Mas ficam presas na garganta!
Num jeito mudo!
Quero libertar-me destas palavras que não
ouso verbalizar!
Que me esgotam a energia e a vontade
de viver.
São veneno puro!
São espinhos que rasgam o meu ser e
deixam-me a sangrar por dentro.
Grito de medo!
Suplico!
Desejo soltar-me.
Desejo libertar-me destas grilhetas que
me anulam enquanto pessoa.

Não sei se este frio que sinto vem de mim,
Ou se o tempo já anuncia a seu gélido espectro!
Mas sinto frio!
Enrosco-me na manta de lã e as minhas mãos
permanecem geladas.
Não são, apenas, as mãos …
Todo o meu corpo está regelado!
Tenho medo do frio!
É, somente, o medo do que ele representa!
As noites longas e tristes,
As horas que se arrastam na imensidão do céu escuro.
Esse manto pesado e negro que se abate sobre mim!
Cai sobre o meu corpo como um duro fardo!
Penoso e que me esmaga … me deixa estonteada!
Tenho medo do frio!
Esse frio que mora em mim, e não me abandona.
Já sinto saudades do sol de verão!
Do sol que banhava a minha cara e afastava este frio!