
Acordo … e logo sinto o frio …
Custa-me decidir sair para trabalhar …
Mas o relógio não pára … faço um último esforço e levanto-me
Espreito o dia … ainda é noite … sopra um vento de neve …
Enrosco-me no casaco de lã … e suspiro …
Com esforço arrasto-me até ao duche …
A água quente vai aquecendo o meu corpo … deixo que ela me percorra, lentamente … e de olhos fechados vejo a minha noite … sombria e tão tumultuosa …
Respiro fundo … e já me sinto mais calma …
Revejo os passos necessário do dia … as obrigações profissionais, os deveres de filha, e … não sobra mais nada…
Desejo … e cerrando os olhos mais uma vez, desejo profundamente ter um dia sereno …
Afasto as nuvens pesadas que envolvem o meu coração … e, suspiro …
Quando saio para a rua … um gelo cortante … percorre a minha cara e mãos …
O sol … encontra-se lá no alto … também ele muito esmorecido …
Dentro de poucos minutos … entro numa nova fase do dia … o barulho das crianças … o zelo profissional … as respostas às solicitações constantes …
É um período do dia em que me esqueço da solidão … do frio …
Rapidamente … porque as horas passam a voar … chega o almoço … hoje na companhia de colegas … conversas variadas e animadas … truques de cozinha e confidências … e soa o toque … mais um período de aulas …
São já 17 horas da tarde … o céu está mais escuro do que o costume … alguém comenta a possibilidade da queda de neve … sorrio distraidamente …
O meu semblante começa de novo a ganhar contornos de amargura …
Está na hora de voltar para casa …