
Deambulo, sozinha …
A manhã nasceu cinzenta e carregada de nada,
Sinto o meu cabelo empurrado para trás pelo vento.
A areia está húmida e lisa, sinto-a nos meus pés descalços.
Ao meu lado o mar embate, com alguma força,
Deixa adivinhar a sua solidão … ruge de descontente.
A minha cabeça roda em turbilhão de pensamentos,
Perigosos … doentios … sombrios …
Sinto o meu coração escurecido … como este dia que amanheceu nebuloso!
Olho à minha volta, e ninguém …,
Mesmos aquelas duas pessoas que se encontram enroscadas junto ao paredão,
São ninguém!
Esta ausência de tudo e de todos … deixa-me mais só.
Já não sei quanto andei … mas foi muito ….
Olho para trás e não alcanço a onde iniciei esta minha caminhada.
Uma jornada de isolamento, de introspecção.
Já não sinto … já não penso … já não tenho quereres …
Deixo-me embalar pelo som do mar… que me acompanha,
Deixo-me envolver pelo vento que me abraça no seu manto gelado.
Deixo atrás de mim um rasto de pegadas … solitárias … mas firmes!